Fundada em 18 de maio de 1945 por Adolfo Aizen, o “Pai das Histórias em Quadrinhos do Brasil”, foi de extrema importância por difundir o gênero no país. Em seu período áureo, a editora era dirigida, também, por Paulo Adolfo Aizen e Naumin Aizen, ambos filhos de Adolfo Aizen, bem como pelo jornalista Fernando Albagli.
Um dos orgulhos de Aizen era a sede da Ebal. Afinal, para uma editora que começou numa pequena sala do edifício São Borja, na avenida Rio Branco, 255, um prédio inteiro era uma conquista e tanto, sobretudo pelo Museu ali instalado e que, infelizmente, foi muito depredado, até seu acervo ser doado para instituições públicas. O que irritava Aizen o fato de Gibi (publicação de seu concorrente e desafeto Roberto Marinho) ter virado sinônimo de revista em quadrinhos. É fácil encontrar nas seções de cartas da Ebal o editor reclamando do uso do termo.
Um dos orgulhos de Aizen era a sede da Ebal. Afinal, para uma editora que começou numa pequena sala do edifício São Borja, na avenida Rio Branco, 255, um prédio inteiro era uma conquista e tanto, sobretudo pelo Museu ali instalado e que, infelizmente, foi muito depredado, até seu acervo ser doado para instituições públicas. O que irritava Aizen o fato de Gibi (publicação de seu concorrente e desafeto Roberto Marinho) ter virado sinônimo de revista em quadrinhos. É fácil encontrar nas seções de cartas da Ebal o editor reclamando do uso do termo.
JACK CARTOON DIRETOR DA GIBITECA HENFIL DE MANAUS |
O velho Aizen, como todo gênio, tinha suas excentricidades. Dizem os colecionadores mais antigos que a revista Lobinho (que ele publicou pelo então Grande Consórcio Suplementos Nacionais) foi assim batizada apenas para evitar que outra editora concorrente usasse o nome Globinho. Essa é apenas mais um “causo” sobre um homem que se tornou uma lenda no Brasil e, como tal, carrega uma
história na qual os mitos se mesclam à realidade.
Mas Aizen não foi o primeiro a publicar os quadrinhos aqui. Outros vieram bem antes dele, principalmente se considerarmos as HQs de humor. Também não é verdade que ele tenha sido o lançador dos novos (para a época) heróis de aventura, pois o Fantasma, só para dar um exemplo, já saía há algum tempo pelo extinto jornal Correio
Universal.
No entanto, a importância de Adolfo Aizen não é ofuscada por essas tecnicalidades. Afinal, ele foi o responsável pelo lançamento do maior sucesso editorial da época: o Suplemento Juvenil, que publicou, pela primeira vez no Brasil, diversos heróis que estão por aí até hoje, como Flash Gordon, Príncipe Valente, Mandrake, Jim
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das Selvas, Dick Tracy e muitos outros.
Aizen também lançou outras revistas como O Mirim e O Lobinho, nas quais publicou muito do melhor material da Era de Ouro dos comic books americanos, como The Flash (Joel Ciclone), Hawkman (Falcão da Noite), Superman e Batman, entre outros.
O primeiro título em quadrinhos da Editora Brasil-América foi lançado em 1946, quando a empresa ainda não era chamada de Ebal. Impressa na Argentina, numa associação entre Adolfo Aizen e Cesar Civita (irmão do Victor Civita), a revista Seleções Coloridas tinha, em geral, 32 páginas. A série teve apenas 17 números, hoje raríssimos. Em suas páginas são encontradas, entre outras preciosidades, histórias da Disney, dentre as quais as primeiras histórias de Carl Barks publicadas no Brasil.
A primeira revista em quadrinhos da Ebal, impressa no Brasil, chamava-se O Heroi e trazia, a princípio, vários heróis de aventura, de diversas editoras americanas, principalmente da Fiction House. Em suas páginas estrearam personagens como Sheena, a rainha das selvas; Kaanga (aqui rebatizado de Kionga), o rei das selvas; Fred e Nancy no Circo; Tabu, outro rei das selvas; Camilla, mais uma rainha das selvas. Logo em seguida, aparecem também algumas adaptações de clássicos da literatura de aventuras em adaptações da Classics Illustrated americana, como A Ilha do Tesouro, que viriam, algum tempo depois, a ser publicada em outra revista de muito sucesso, a famosa Edição Maravilhosa.
Aos poucos, O Herói foi publicando também heróis do gênero de maior sucesso nos anos 50, o faroeste, como Durango Kid. A revista já era um sucesso quando a Ebal lançou seu título de maior longevidade com um único herói: Superman, que foi publicada de novembro de 1947 a 1981, com várias series ininterruptas.
Isso era uma prática que diferenciava a Ebal de todas suas concorrentes, a numeração de suas revistas em séries. Em tese, isso significava que se uma determinada revista chegasse ao número 100, depois ela recomeçaria do 1.
Durante seus primeiros anos, a revista Superman, além do Homem de Aço, que foi o personagem de maior longevidade da editora, publicou vários dos heróis da DC Comics (na época conhecida por National), inclusive Batman, que só veio a ter título próprio tempos depois, em março de 1953.
Nos anos 50 e 60, a Ebal era líder na publicação de histórias em quadrinhos no Brasil, vendia anualmente milhões de revistas e chegou a ter em banca mais de 40 títulos mensais, vários com tiragens superiores a 150 mil exemplares (hoje, vendas de dez mil são comemoradas) e quando uma publicação vendia menos de 30 mil edições por mês, quase sempre era descontinuada.
E novos lançamentos vão se sucedendo: Aí, Mocinho!, Tarzan, Mindinho, Reis do Faroeste, Quem Foi? Zorro, Super X, Pequenina, Batman, Ciência em Quadrinhos, Série Sagrada, Roy Rogers, Popeye, Pinduca, Cinemin…
Em 1957, começa a série Grandes Figuras, com a quadrinização da biografia de brasileiros ilustres, como Machado de Assis, Rondon, Osvaldo Cruz, Santos Dumont, José Bonifácio e outros. Dois anos depois, sai a coleção Biografias em Quadrinhos, focalizando, entre outros, Colombo, Marconi, Maria Curie e Chopin. Paralelamente, edita o primeiro volume de História do Brasil em Quadrinhos, sempre com texto e ilustrações de autores e artistas nacionais.
Houve meses em que a Brasil-América chegou a colocar no
mercado cinqüenta revistas diferentes.
Durante seus primeiros anos, a revista Superman, além do Homem de Aço, que foi o personagem de maior longevidade da editora, publicou vários dos heróis da DC Comics (na época conhecida por National), inclusive Batman, que só veio a ter título próprio tempos depois, em março de 1953.
Nos anos 50 e 60, a Ebal era líder na publicação de histórias em quadrinhos no Brasil, vendia anualmente milhões de revistas e chegou a ter em banca mais de 40 títulos mensais, vários com tiragens superiores a 150 mil exemplares (hoje, vendas de dez mil são comemoradas) e quando uma publicação vendia menos de 30 mil edições por mês, quase sempre era descontinuada.
E novos lançamentos vão se sucedendo: Aí, Mocinho!, Tarzan, Mindinho, Reis do Faroeste, Quem Foi? Zorro, Super X, Pequenina, Batman, Ciência em Quadrinhos, Série Sagrada, Roy Rogers, Popeye, Pinduca, Cinemin…
Em 1957, começa a série Grandes Figuras, com a quadrinização da biografia de brasileiros ilustres, como Machado de Assis, Rondon, Osvaldo Cruz, Santos Dumont, José Bonifácio e outros. Dois anos depois, sai a coleção Biografias em Quadrinhos, focalizando, entre outros, Colombo, Marconi, Maria Curie e Chopin. Paralelamente, edita o primeiro volume de História do Brasil em Quadrinhos, sempre com texto e ilustrações de autores e artistas nacionais.
Houve meses em que a Brasil-América chegou a colocar no
mercado cinqüenta revistas diferentes.
Havia representantes brasileiros até mesmo no gênero super-herói. O personagem de maior longevidade continua sendo O Judoka, que durou 45 edições, do número 7 ao 52 da revista. Isso porque, as seis primeiras foram estreladas pelo Judo-Master, da Charlton Comics.
Pela série passaram os já mencionados Mário Lima e Eduardo Baron e também Juarez Odilon, Cláudio de Almeida, Floriano Hermeto de Almeida Filho (que assinava FHAF), Francisco Sampaio, Fernando Ikoma e Alberto Silva. O Judoka fez tanto sucesso que ganhou um filme, produzido em 1972 e estrelado pela beleza global Elisângela e por Pedrinho Aguinaga, mais conhecido por estrelar um comercial do cigarro Chanceler, o famoso “fino que satisfaz”, no qual tinha a voz dublada por Reginaldo Faria.
Mas a maior obra de Adolfo Aizen talvez tenha sido a publicação dos grandes clássicos da literatura mundial e, especialmente, a quadrinização de romances brasileiros. Foram duzentos títulos, alguns com inúmeras reedições, por meio dos quais a criançada tomou conhecimento de José de Alencar, Joaquim Manuel de Macedo, Bernardo Guimarães, José Lins do Rego, Gilberto Freire e Jorge Amado. Pedro Anísio assinou a maioria das adaptações, cabendo a André Le Blanc, José Geraldo, Gutemberg Monteiro, Manuel Victor Filho, Ivan Washt Rodrigues, Aylton Thomaz, Ramón Llampayas, Nico Rocco e Eugênio Colonnese os desenhos.
Os heróis Marvel também deram as caras pela primeira vez em nosso país pela Ebal, já nos anos 60, num esforço conjunto com a Atma (que fabricava aqui as belas miniaturas da Marx americana, bem como lancheiras e bolas com os personagens), várias emissoras de TV do Brasil inteiro que passavam a série “desanimada” da Gantray-Lawrence (não havia grandes redes ainda) e os postos Shell (para quem não sabe, eles foram lançados por aqui como “Super-heróis Shell”), que distribuíam promocionalmente os números zero das revistas, as únicas da editora que nunca foram para as bancas e que tinham essa numeração.
Pela série passaram os já mencionados Mário Lima e Eduardo Baron e também Juarez Odilon, Cláudio de Almeida, Floriano Hermeto de Almeida Filho (que assinava FHAF), Francisco Sampaio, Fernando Ikoma e Alberto Silva. O Judoka fez tanto sucesso que ganhou um filme, produzido em 1972 e estrelado pela beleza global Elisângela e por Pedrinho Aguinaga, mais conhecido por estrelar um comercial do cigarro Chanceler, o famoso “fino que satisfaz”, no qual tinha a voz dublada por Reginaldo Faria.
Mas a maior obra de Adolfo Aizen talvez tenha sido a publicação dos grandes clássicos da literatura mundial e, especialmente, a quadrinização de romances brasileiros. Foram duzentos títulos, alguns com inúmeras reedições, por meio dos quais a criançada tomou conhecimento de José de Alencar, Joaquim Manuel de Macedo, Bernardo Guimarães, José Lins do Rego, Gilberto Freire e Jorge Amado. Pedro Anísio assinou a maioria das adaptações, cabendo a André Le Blanc, José Geraldo, Gutemberg Monteiro, Manuel Victor Filho, Ivan Washt Rodrigues, Aylton Thomaz, Ramón Llampayas, Nico Rocco e Eugênio Colonnese os desenhos.
Os heróis Marvel também deram as caras pela primeira vez em nosso país pela Ebal, já nos anos 60, num esforço conjunto com a Atma (que fabricava aqui as belas miniaturas da Marx americana, bem como lancheiras e bolas com os personagens), várias emissoras de TV do Brasil inteiro que passavam a série “desanimada” da Gantray-Lawrence (não havia grandes redes ainda) e os postos Shell (para quem não sabe, eles foram lançados por aqui como “Super-heróis Shell”), que distribuíam promocionalmente os números zero das revistas, as únicas da editora que nunca foram para as bancas e que tinham essa numeração.
A Ebal demorou para publicar revistas em cores (embora tenha feito uma primeira, nos anos 50, de Superman), mas quando começou, em 1969, o fez com classe. As edições coloridas das suas revistas eram de incomparável qualidade em relação às concorrentes. Na verdade, elas eram um luxo, com papel grosso, bem impressas e com capas plastificadas. A princípio não tinham periodicidade definida, mas aos poucos se tornaram mensais (na sua maioria) ou bimestrais.
Os colecionadores tinham, de alguns títulos, a edição mensal, a bimestral (instituída nos anos 60, chamada de Bi e mais grossa) e a colorida, além de um almanaque anual de 96 páginas e possíveis edições “extras” e “de férias”. Esse era o caso de Superman e Batman, por exemplo.
Infelizmente, nem tudo que é bom dura para sempre. A partir do final dos anos 60, a Ebal começou um longo (e lento) declínio, que perdurou por toda a década de 70. É bem verdade que não foi só ela. No mundo inteiro, os quadrinhos passaram a vender cada vez menos, graças ao avanço progressivo da TV, mais do que qualquer outra coisa. Muitas editoras sofreram com a queda nas vendas, várias delas deixando de existir depois de muitos anos de trabalho.
Em 1974, aproveitando uma onda de nostalgia que atingia o mundo todo, a Ebal lançou diversas edições de luxo em comemoração aos 40 anos do Suplemento Juvenil. Foi um trabalho belíssimo, embora nem sempre com bom resultado de vendas.
Em 1974, aproveitando uma onda de nostalgia que atingia o mundo todo, a Ebal lançou diversas edições de luxo em comemoração aos 40 anos do Suplemento Juvenil. Foi um trabalho belíssimo, embora nem sempre com bom resultado de vendas.
Os álbuns de Flash Gordon, de Alex Raymond, eram gigantescos, abertos tinham cerca de um metro de comprimento e eram lindíssimos. Adolfo Aizen os mandou de presente a vários quadrinhistas famosos, como Will Eisner e Al Williamson, recebendo de volta cartas elogiosas, que publicou; originais autografados, que emoldurou; e pedidos de novas remessas por parte desses artistas, que queriam dar o material de presente para outros colegas renomados. Saíram oito deles.
Foram lançados também Jim das Selvas, Mandrake, um álbum de Tarzan de Burne Hogarth, que não era de material antigo, e alguns outros como Tim e Tok, X-9 e Brick Bradford em edições mais populares, além de maior longevidade, o Príncipe Valente (continuado – numa belíssima iniciativa – hoje pela Opera Graphica), que foi o último material que a Ebal deixou de publicar.
Foram lançados também Jim das Selvas, Mandrake, um álbum de Tarzan de Burne Hogarth, que não era de material antigo, e alguns outros como Tim e Tok, X-9 e Brick Bradford em edições mais populares, além de maior longevidade, o Príncipe Valente (continuado – numa belíssima iniciativa – hoje pela Opera Graphica), que foi o último material que a Ebal deixou de publicar.
A partir de 1975, quando se rendeu ao “formatinho”, começou a fase final da Ebal. Muita coisa boa ainda foi publicada, nas revistas pequenas ou em edições especiais mais luxuosas, inclusive belos materiais europeus, como os álbuns Axa, de Romero; Zephid, de Azpiri; Korsar e Wolff, de Estebán Maroto, de quem a Ebal já publicara também 5 por Infinitus.
Os personagens da Marvel migraram para várias editoras e depois de um período vergonhoso na hoje também defunta Bloch Editores, começaram a dar certo nas mãos da Rio Gráfica e da Abril.
Então, veio o golpe de morte: a Ebal deixou de publicar material da DC. E o fez porque quis, diga-se de passagem, pois tinha prerrogativas contratuais. Em outubro de 1983, saiu o último número da derradeira série de Superman, o 74, em formatinho.
Depois disso, ainda saíram reprises de Tarzan e de certos cowboys esporadicamente, ao longo dos anos 80. Mas com a morte de Adolfo Aizen, em 10 de maio de 1991, a poucos dias de mais um aniversário da Ebal, ficou ainda mais difícil continuar.
A partir daí, só saiu pela Ebal, uma vez por ano, o livro do Príncipe Valente, mas até o volume XV, editado em maio de 1995, no cinqüentenário da editora. Hoje, seu prédio é compartilhado por uma escola e a gráfica ainda faz alguns serviços para terceiros.
Os personagens da Marvel migraram para várias editoras e depois de um período vergonhoso na hoje também defunta Bloch Editores, começaram a dar certo nas mãos da Rio Gráfica e da Abril.
Então, veio o golpe de morte: a Ebal deixou de publicar material da DC. E o fez porque quis, diga-se de passagem, pois tinha prerrogativas contratuais. Em outubro de 1983, saiu o último número da derradeira série de Superman, o 74, em formatinho.
Depois disso, ainda saíram reprises de Tarzan e de certos cowboys esporadicamente, ao longo dos anos 80. Mas com a morte de Adolfo Aizen, em 10 de maio de 1991, a poucos dias de mais um aniversário da Ebal, ficou ainda mais difícil continuar.
A partir daí, só saiu pela Ebal, uma vez por ano, o livro do Príncipe Valente, mas até o volume XV, editado em maio de 1995, no cinqüentenário da editora. Hoje, seu prédio é compartilhado por uma escola e a gráfica ainda faz alguns serviços para terceiros.
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