História do Brasil pode ser contada através da Caricatura
O nome “caricatura” foi utilizado pela primeira vez em 1646,
para nomear uma série de desenhos satíricos do italiano Agostino Carracci que
retratava tipos populares de Bolonha, na Itália. A caricatura é a representação
gráfica de uma pessoa, animal ou coisa, de uma cena, exagerando certos
aspectos, com intuito satirizar ou de criticar.
O primeiro caricaturista do Brasil, Manuel de Araújo Porto
Alegre, publicou a primeira caricatura, anonimamente, no Jornal do Comércio, em
14 de dezembro de 1837. Ele fez uma sátira do jornalista Justiniano José da
Rocha, seu inimigo.
Angelo Agostini também foi um dos primeiros caricaturistas.
Italiano, radicado no Brasil, publicou seu primeiro trabalho, na “Revista
Ilustrada”, intitulada, mais tarde, por Joaquim Nabuco de “Bíblia da Abolição
dos que não sabem ler”. Agostini colaborou muito com a história da Imprensa do
país.
Além das caricaturas de Dom Pedro II, outros políticos,
também bastante explorados pelos caricaturistas foram: Campos Sales, exposto
por sua vaidade, Artur Bernardes, sempre apresentado como ditador e Getúlio
Vargas, por sua esperteza. De estatura baixa, este aspecto físico, era bastante
explorado.
Os comerciantes portugueses eram personagens preferidos dos
caricaturistas. Eram representados como aqueles que roubavam no peso das
mercadorias, misturavam água no leite e areia na massa do pão.
A caricatura serviu para propagar grandes acontecimentos,
denunciar a corrupção no país e acompanhou toda a trajetória do cenário
político como a transformação da Monarquia em República no século XIX. Depois
desse período de instabilidade, surgiram novas revistas: “Semana Ilustrada” e
as Revistas de humor: “Careta” e “Fon fon”.
Caricaturistas Brasileiros 1836-2001, de Pedro Corrêa do
Lago
caricaturistas-brasileirosEm mais de 200 páginas, o grande
livro Caricaturistas Brasileiros, de Pedro Corrêa do Lago, reúne os 40
principais nomes do país entre 1836 e 2001. Na introdução, o autor fala da
história da caricatura e sobre a metodologia de escolha dos artistas. Em uma
passagem discute o uso dos diferentes termos para caricatura, e sua definição.
O seguinte trecho é interessante:
“A abrangência do termo “caricatura” é difícil de definir e
vale citar Cássio Loredano, profundo conhecedor do tema, que talvez tenha mais
bem explicado a questão ao escrever: ‘Nada é muito preciso. Charge e caricatura
são a mesma palavra: carga; mas quando numa redação brasileira se diz charge, em
geral se está pensando na sátira gráfica a uma situação política, cultural,
etc. estritamente atual; caricatura é geralmente sinônimo de portrait-charge; e
cartum vale para o comentário satírico duma situação independente de
atualidade.‘
Já Chico Caruso tem uma explicação empírica mais espacial:
uma cena de horizonte amplo seria um cartum. centrada numa situação ou em
personagens definidos seria uma charge, e focada exclusivamente numa pessoa,
uma caricatura. Mas ‘caricatura’ é ainda o termo genérico que se aplica no
Brasil ao desenho de humor em geral.”
Entre os artistas
estão Henrique Fleiuss, J. Carlos,
Cardoso Ayres, Millôr, Ziraldo, Henfil e Angeli, fechando o livro. De
duas a dezoito páginas (para J. Carlos) para cada artista, são mais de 300
imagens, acompanhadas de um bom texto histórico e por vezes crítico. Uma
“curiosidade” que descobri com o livro: Walt Disney pode ter se inspirado em
desenho de J. Carlos para criar o Zé Carioca.
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